Acho que essa é uma pergunta que atinge a maioria dos homossexuais que, durante toda a vida foram “diferentes” até mesmo do  que se entende por gay. Afinal, seu modo fechado e desconectado de ser sempre o deixou numa eterna dúvida: quem sou eu, afinal?
Bem, se você nasceu em um lar religioso, fechado e conservador, muito provavelmente seu modo de ser acabou por ser mais fechado a qualquer coisa que fizesse pensar diferente. Para algumas famílias, aparência é tudo. Logo, seus filhos sempre serão ensinados que respeitar e manter a imagem da família é sempre o mais importante.
Desse modo, o(a) jovem sempre se manterá ao padrão imposto por seus parentes, a fim de sentirem-se como parte importante da família.
Mas, até que ponto é saudável viver assim?
Sua família o ensinou os valores cristãos… ok. Na igreja provavelmente te falaram o que é certo e errado… está bem. Algumas amizades sempre reforçaram sua opinião sobre “ser gay” e como isso é errado… Entendido. A vida toda você viveu sob a verdade de que: homossexualidade é pecado.
Mas, qual o momento em que você aprendeu que ser feliz não é errado? Esta pergunta prefiro que responda a si mesmo.
Agora, respondendo à minha primeira pergunta. Não há nada de saudável em viver assim. Todos nós temos uma vida, temos nossos desejos, vontades, expectativas… Logo, qual o sentido em renunciar a si mesmo para viver algo que seus pais acham melhor para você, sendo que isso vem de uma visão de vida unicamente deles. E que jamais vai se adequar à sua. 
Como experiência pessoal, posso dizer que viver a vida que outros querem, apenas machucará a você. De todas as formas possíveis. Inclusive através da depressão (algo que me atingiu por anos).
Hoje em dia sou gay assumido, mas as marcas do passado ainda refletem em mim até hoje. Meu modo introvertido me faz ser “estranho” para alguns gays.
Por anos vivi inseguro de quem eu era, sem saber o que era ser verdadeiramente feliz. Apenas vivendo para agradar meus pais. Estudar, casar, ter filhos e uma esposa. Esse era meu script.  Venho de um lar conservador e, como já podem imaginar, a ideia de ser gay já era algo condenatório. Lembro-me de todas as vezes que peguei meus pais cochichando sobre algum “gay depravado” que viam por aí e que afirmavam jamais aceitar. Aquilo sempre me machucava.
Até que, um dia, decidi acabar com esse ciclo de mentiras e expectativas que não eram do meu interesse. 
Me assumi gay e posso dizer que foi a melhor decisão que tomei em toda minha vida. 
Ainda hoje tenho um modo introvertido de ser. Esse foi meu eu por anos. Desfazer-me dele não é algo simples. Mas tendo a certeza de quem eu sou, já me deixa feliz e completo.
Então… para você que é homossexual e introvertido. Quero dizer o seguinte: jamais tenha vergonha de quem você é! Não importa se não encaixa no padrão gay de ser. Somos todos únicos e apenas nós mesmos devemos decidir como queremos ser. Basta que você seja gay, lésbica ou transexual e feliz. 
Ainda que sua família não aceite quem você é. E ainda que alguns homossexuais o julgue por não ser o típico gay extrovertido e aberto, sinta-se abraçado e apoiado por todos que o amam por você ser quem é. E  também por mim, pois você é especial assim do seu jeito.

Lembre-se sempre, você importa!